Hoje conheci um menino de seis anos que tentou se matar.
Duvidei da possibilidade monstruosa dessa ação ter sido arquitetada por ele sem a influência do mundo adulto, pois não posso conceber a idéia de uma criança pensar por conta própria em exterminar sua jovem vidinha cheia de caminhos e porvires e tentar, de fato, fazê-lo.
Aos seis anos, não se tem a noção do existencialismo nem a consciência de concretude da própria vida e que dá para acabar com ela. Isso tudo é muito complexo para uma criança.
Hoje na escola muitos comentavam, horrorizados com a notícia, que ele poderia estar brincando, aprendendo coisas novas...
E está: aprendeu o que não dá certo quando o assunto é Suicídio.
Aprendeu também que homens, como seu pai, saem de casa sem avisar e não voltam mais e que mulheres, como sua mãe, choram e praguejam na frente dos filhos o abandono físico e moral.
E também aprende todos os dias que deve ficar sentado numa carteira, quieto, ir ao banheiro somente duas vezes em seis horas de aula em horário pré-determinado, que não deve emprestar seu material para o coleguinha que esqueceu de trazer e que brincadeira tem hora (e não é na escola), mesmo para quem tem seis anos, pois estão ficando grandes, afinal, já estão na PRIMEIRA série.
A tristeza do menino é urgente.
É sofrimento o que move a vida dele em cada gesto e atitude, inclusive no aprendizado.
Agora, é a vez de surgirem novas possibilidades para ele parar de sofrer. E a escola teria que se mostrar como uma dessas possibilidades, um espaço de acolhimento e diversão (no sentido não corrompido da palavra, ou seja, não como o oposto de obrigação, mas como um complemento inseparável). O problema é que a escola pública também está se suicidando, mesmo com novas propostas pedagógicas que em nada combinam com a estrutura fracassada em que ainda funciona.
Hoje o menino de seis anos tentou se matar e eu pergunto, quem se responsabiliza?
Sobre Suicídio Infantil:
Pouco se tem falado ao longo dos tempos sobre esse assunto, aliás, dei um google e não encontrei muita coisa. Assunto quase inexistente.
Será que hoje em dia o conceito de morte está mudando para as crianças ?
Nossa, este texto doeu em mim. Que cenário! Vou repassá-lo para a Telma. Bjs.
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