A GÊNESE DE UM MOVIMENTO
IDIOSSINCRÁTICO
Rodrigo Santos da
Hora[1]
(UNIPLI)
Em pouco mais de
25 anos de serviços, a Internet invadiu
expressiva e consideravelmente todos os ambientes da
produtividade humana, sejam eles públicos ou
privados. Aguçou o interesse das mais diversas áreas
do saber; criou, modificou e ampliou o leque de
gêneros textuais, e concebeu novas formas de
expressão e comunicação.
Contudo, na
esteira de novidades, surgem discussões a respeito
desse ciberespaço[2]
e seu funcionamento, bem como o estudo da dualidade
oralidade e escrita, uma vez que nessa nova cultura,
a cibercultura[3],
tudo é possível, tudo é transmutável, tudo é
adaptável. A Internet muda, assim, o modo de
ser e agir do homem, transformando e ampliando,
também, as possibilidades de práticas discursivas.
É de suma
importância definir e explicar, desde já, a
expressão gênero textual para que não haja dúvidas
posteriores no decorrer deste trabalho, assim como
os gêneros que emergiram e que emergem do
ciberespaço.
Todo e qualquer
texto pertence a uma categoria discursiva, a um
gênero discursivo. A noção de gênero,
tradicionalmente conhecida, foi cunhada no âmbito de
uma poética, de uma reflexão sobre a literatura. A
expressão “gênero” sempre esteve ligada, como já
mencionamos, aos gêneros literários, mas já não é
assim, como nos lembra Swales (1990:33), ao afirmar
que “hoje, gênero é facilmente usado para referir
uma categoria distintiva de discurso de qualquer
tipo, falado ou escrito, com ou sem aspirações
literárias”.
Bakhtin, em seu
livro Marxismo e filosofia da linguagem
(1981), associa a concepção de língua, adotada nessa
obra, à noção de esfera de comunicação (1997). Dessa
forma, “a língua é vista, não como um sistema
estável, mas como um lugar de interação humana”.
Sendo a língua um espaço onde os interactantes se
esbarram, é indispensável que esses “esbarrões” se
tornem cada vez mais complexos e reivindiquem
gêneros de discursos que concedam suporte verbal a
estes sujeitos.
De acordo com a
teoria bakhtiniana, as esferas de comunicação são
instituídas por um “repertório de gêneros”
(1997:279) que lhes são peculiares. Por esta razão,
o autor nos esclarece que, dependendo das esferas,
os gêneros podem ser classificados em dois grupos:
os primários e os secundários. Os gêneros primários
concernem às circunstâncias de uma comunicação
verbal espontânea. Já os secundários têm relação com
os enunciados típicos de “uma comunicação cultural
mais complexa e [...] evoluída, principalmente a
escrita” (Bakhtin 1997:281). Para exemplificar, o
filósofo aponta o diálogo cotidiano e a carta para
ilustrar os primeiros, e cita o romance e o discurso
científico para os segundos.
Gênero Discursivo é
um termo designado para ordenar os múltiplos textos
produzidos em uma sociedade. Esses gêneros
contribuem para estabilizar as atividades
comunicativas do dia-a-dia. Para Marcuschi
(2002:19), os gêneros “são entidades
sócio-discursivas e formas de ação social
incontornáveis em qualquer situação comunicativa”.
Ainda segundo o autor, é impossível se
comunicar verbalmente a não ser por um gênero, como
também é impossível se comunicar verbalmente a não
ser por algum tipo de texto, ou seja, só é possível
se comunicar verbalmente por algum gênero textual.
Essa opinião é compartilhada, também, por Bronckart
(1999) e Bakhtin (1997) e pela maioria dos autores
que tratam a língua em seus aspectos discursivos e
enunciativos, e não em suas peculiaridades formais.
Bronckart (1999:73) sustenta a idéia de que
“qualquer espécie de texto pode atualmente ser
designada em termos de gênero e que, portanto, todo
exemplar de texto observável pode ser considerado
como pertencente a um determinado gênero”. Em seu
ponto de vista, todo texto / produção textual se
enquadra dentro de um gênero específico.
Luiz Antônio
Marcuschi (2002:22) define a expressão gênero
textual como
“uma noção
propositalmente vaga para referir os textos
materializados que encontramos em nossa vida diária
e que apresentam características sócio-comunicativas
definidas por conteúdos, propriedades funcionais,
estilo e composição característica. Alguns exemplos
dos gêneros textuais seriam: telefonema, notícia
jornalística, outdoor, lista de compras”.
Sua nomeação (gênero
textual) abrange um conjunto aberto e praticamente
ilimitado de designações concretas determinadas pelo
canal, estilo, conteúdo, composição e função.
Maingueneau
(2002:61,62) estabelece como gênero discursivo os
dispositivos de comunicação que aparecem em certas
situações sócio-históricas, tais como o “talk
show”, “editorial” e a “epopéia”. O autor afirma
que os gêneros de discurso fazem parte de distintos
tipos de discurso relacionados a uma vasta gama de
setores de atividade social.
Assim, “o “talk
show” constitui um gênero de discurso no interior do
tipo de discurso “televisivo” que, por sua vez, faz
parte de um conjunto mais vasto, o tipo de discurso
“midiático”, em que figurariam também o tipo de
discurso radiofônico e o da imprensa escrita”.
Em uma perspectiva
sócio-histórica-discursiva, na construção de um novo
gênero haverá sempre uma ação interativa determinada
e monitorada pela organização enunciativa da
situação de elaboração, cuja definição é feita por
alguns parâmetros sociais: o lugar social da
interação (esfera cultural, sociedade); os
lugares sociais dos enunciadores e/ou interlocutores
(relações interpessoais e hierárquicas, relações
de domínio e poder); e finalidades da interação
(intenção comunicativa do enunciador). Além disso,
temos a forma composicional (formas do
enunciado), as marcas lingüísticas (formas da
língua) e o estilo (escolhas lingüístico-
discursivas) que dependem do gênero a que pertence o
texto, assim como a situação do enunciado em curso
na operação.
Nessa esteira de
novidades surge uma outra indagação de igual
relevância das anteriores. Os novos gêneros são
realmente inovações abstratas ou antigos gêneros
transformados, modernizados?
Sabe-se que nas
últimas décadas foram as novas invenções
tecnológicas, principalmente as ligadas à área da
comunicação, que propiciaram o surgimento de novos
gêneros. Na realidade não foi o “boom” das
novas tecnologias que gerou o aparecimento de
milhares de gêneros, e sim, a intensidade do uso que
o homem faz dessas tecnologias e suas interconexões
nas situações comunicacionais do cotidiano.
Para alguns autores,
como o Marcuschi e Bakhtin, os “novos” gêneros que
surgem no/do ciberespaço têm uma ancoragem em outros
gêneros já existentes. Esse assunto já foi
constatado por Bakhtin (1997) que há décadas
abordava a “transmutação” dos gêneros e na
assimilação de um gênero por outros gerando novos. O
e-mail, por exemplo, tem como antecessores as
cartas e bilhetes. Podemos, assim, dizer que são
novos gêneros em velhas bases. Para finalizar, cito
as seguintes palavras de Tzvetan Todorov: “De onde
vem os gêneros? Pois bem, simplesmente de outros
gêneros. Um novo gênero é sempre a transformação de
um ou de vários gêneros antigos: por inversão, por
deslocamento, por combinação”.
Dos gêneros textuais
aos digitais. Com o impacto da tecnologia os últimos
são incontáveis; blogs, flogs,
chats, e-mail. Esses gêneros são
desenvolvidos na “mídia eletrônica”, e são
conhecidos, segundo Marcuschi (2005:15), como
“Comunicação Mediada por Computador (CMC) ou
comunicação eletrônica e desenvolve uma espécie de
“discurso eletrônico””. Para maiores
esclarecimentos, aqui vão breves definições dos
termos utilizados acima. As palavras referidas foram
consultadas na Wikipédia, a enciclopédia livre
virtual com reconhecimento mundial.
O web log,
mais conhecido por blog, blogue, caderno ou
agenda virtual, é uma página pessoal na Internet,
cuja estrutura permite a utilização rápida a
partir de acréscimos dos chamados artigos ou
posts. Os blogs, geralmente, são
organizados de forma cronológica, e podem ser
escritos por um número indeterminado de pessoas, de
acordo com a sua política. Textos, fotos, vídeos,
links. São essas as partes constitutivas de um
blog. Os assuntos são infindáveis: culinária,
esporte, política, música, sexo, literatura,
religião, etc. Segundo a Wikipédia, em dezembro de
2007, o motor de busca de blogs “Technorati”
rastreou a existência de 112 milhões de blogs
no mundo. Estima-se que, a cada dia, 70 mil novos
blogs sejam criados ao redor do planeta[4].
O flog, fotolog
ou fotoblog, é um pouco diferente do
blog, mas também é uma página na Internet.
O que predomina no flog são as fotos com
as legendas retratando os momentos de lazer. O
flog é um álbum digital.
Chat,
que em português significa conversação ou bate-papo,
é um neologismo designado para aplicações de
conversação em tempo real, ou não. Esta definição
incluiu programas de IRC (Internet Relay Chat),
conversação em sítio web (UOL, BOL,
YAHOO, TERRA), ou mensageiros instantâneos (Windows
Live Messenger, Yahoo!
Messenger,
Google Talk).
O e-mail, ou
correio eletrônico, é um aplicativo que nos permite
compor, enviar e receber mensagens através de
sistemas eletrônicos de comunicação. É possível
enviar fotos, textos e vídeos anexados ao e-mail,
bem como mudar a cor das letras, inserir as carinhas
(emoticons ou smiles), aumentar ou diminuir o
tamanho das letras, ou até mesmo colorir o fundo do
e-mail.
Vale ressaltar,
conforme Bolter (1991), que, com a cultura
eletrônica, mais especificamente com a introdução da
escrita eletrônica, houve uma certa economia da
escrita. É fácil constatar tal fenômeno. Basta
observarmos as dezenas de expressões criadas a
partir do prefixo “e”. Expressões da denominada “e-comunicação”,
tais como “e-mail” (correio eletrônico), “e-book”
(livro eletrônico), “e-manager” (negócios
eletrônicos), “e-theray” (terapia virtual), e
assim por diante. Expressões como “eletrônico”,
“virtual” e “digital” também se tornaram populares
na atual sociedade informatizada.
Aliás, foi nessa
atual sociedade informatizada que professores, pais,
educadores e intelectuais se indagaram quanto ao
desaparecimento do livro tradicional, uma vez que
há, na web, obras completas digitalizadas em
bibliotecas virtuais. Sem falar no e-book.
Ora, numa sociedade em que mais da metade da
população pertence à classe média baixa é quase que
impossível transformar tal invento em privilégio, ao
passo que, além do computador, é preciso de um
provedor de Internet para poder usufruir
desse ciberespaço. Então, definitivamente, o livro
não tem como desaparecer. Essa opinião pode até
parecer otimista, mas se depender dos mais
conservadores, ela prevalecerá.
Muito tem se falado que a revolução
tecnológica começou com os computadores pessoais
e/ou a Internet. Não é verdade. Essa
revolução começou há décadas. Novos materiais
(papel, papiro) ou novas ferramentas (pena de ganso,
caneta, máquina de escrever) ou produtos
tecnológicos que chamamos de portadores/suportes de
textos (códex, livro imprenso, CD-ROM) são, sim,
tecnologias culturais, procedimentos e dispositivos
que, cada um a seu tempo, modificaram as relações
com o próximo, com a cultura, o saber, a escritura e
leitura. Mas, “o computador é, entretanto, o
catalisador de uma transformação maior que,
dissociando o texto de suas encarnações materiais,
dá-lhe uma plasticidade e uma mobilidade
desconhecidas até agora” (Anis e Marty, 2000:11).
Com o advento da Internet, a
prática de leitura e escrita cresceu, e muito. Nunca
se leu e escreveu como dantes.
Podemos ler e escreve ao
mesmo tempo. Somos escreventes e escritores ao mesmo
tempo. Escrever é ler. Ler é escrever. A
escrita é a base da Internet. Mesmo possuindo
um alfabeto de dois caracteres, 0 e 1, a informática
pode processar, atualmente, todos os tipos de
escritura, inclusive os ideogramas orientais. Além
dos livros, possuímos dicionários, jornais e
revistas em formato on-line, enviamos e
recebemos e-mails, escrevemos em nossas
páginas pessoais, deixamos comentários nos blogs
dos amigos, fazemos pesquisas nos sites de
busca, digitamos os trabalhos escolares. A única
mudança visível é a tela do computador, uma nova
base para as nossas atividades. O próprio Lévy
(1996:41) afirma que a “tela informática é uma nova
“máquina de ler”, o lugar onde uma reserva de
informação possível vem se realizar por seleção,
aqui e agora, para um leitor particular. Toda
leitura em computador é uma edição, uma montagem
singular”. Segundo Maingueneau (1996) o suporte
(tela) desempenha um papel fundamental na emergência
e na estabilização de um novo gênero. Já dizia
Chartier (2002:23) que “todos os textos, sejam eles
de qualquer gênero, são lidos em um mesmo suporte (a
tela do computador) e nas mesmas formas (geralmente
as que são decididas pelo leitor)”.
Em seu livro Os
Desafios da Escrita (2002), Chartier aborda
alguns temas como o desaparecimento da leitura e a
morte do leitor como conseqüência inelutável da
civilização da tela, do triunfo das imagens e da
comunicação eletrônica. Contudo, não cabe a nós
dizer que a cibercultura desbancou, completamente, o
antigo sistema de informação, leitura ou
comunicação, pois ainda existem pessoas que se
utilizam de cartas, livros, jornais e revistas sem
serem eletrônicos. A diferença entre os meios
convencionais e os eletrônicos é que no último, as
informações são enviadas, reenviadas, formatadas,
acrescidas de novas informações, apagadas quando
necessário. O próprio Chartier alimenta tal
possibilidade ao afirmar que
“o texto
eletrônico, tal qual o conhecemos, é um texto móvel,
maleável, aberto. O leitor pode intervir em seu
próprio conteúdo e não somente nos espaços deixados
em branco pela composição tipográfica. Pode
deslocar, recortar, estender, recompor as unidades
textuais das quais se apodera” (2002:25).
Surge, a partir daí,
a função de “co-autor” que muitos autores têm
comentado. Hoje, qualquer pessoa pode fazer os
procedimentos listados acima. Basta ter acesso à
Internet. De acordo com Lévy (1996), há uma
certa “descentralização” da informação e de
comunicação, e por que não dizer, também,
“desterritorialização” do texto?
A Internet é múltipla,
virtual, multimidiática, heterogênea, não-linear,
multifacetada, desterritorializada, autônoma,
desmaterializada, interativa: um ciberespaço, um
extra e interespaço, um hiperespaço, uma nova
entidade enunciativa. É difícil definir a
Internet. Contudo, a partir de agora, fincaremos
apenas em um dos adjetivos acima; interativa.
Considerada uma
“literatura inovadora”, conseqüentemente uma nova
abordagem e estética hão de ser novos. Mais do que
isso, o Concretismo trouxe interatividade à sua
leitura, bem como um “arquileitor”[5].
Assim também é a Internet; uma instituição
inovadora que leva mais interação e comunhão entre a
obra (computador) e o seu admirador (leitor). Assim
como a poesia concreta, a Internet usa,
também, os elementos visuais e acústicos em seu
espaço.
Enfim, a web trouxe, enraizado em
suas origens, uma inovadora ferramenta ao seu
publico – a interação. O dicionário de Análise do
Discurso traz a seguinte definição do vocábulo
interação:
“A interação é, em
primeiro lugar, esse processo de influências mútuas
que os participantes (ou interactantes) exercem uns
sobre os outros na troca comunicativa; mas é também
o lugar em que se exerce esse jogo de ações e
reações: uma interação é um “encontro”, isto é, um
conjunto de acontecimentos que compõem uma troca
comunicativa completa, que se decompõem em
seqüências, trocas e outras unidades constitutivas
de grau inferior, e tem a ver com um gênero
particular (interação verbal ou não verbal...)”
(Dicionário de Análise do Discurso, 2004:281,
282).
A própria leitura em si já é um
processo de interação com o leitor, principalmente
quando as inferências, realidades e linguagens são
associadas em harmonia. Temos, sim, mais
criatividade on-line, dinamismo, hibridismo
de sons, cores, formas e textos, além de uma
organização multi-linear e dimensional, uma leitura
hipertextual. Assim, o leitor tem um leque de
múltiplas informações que o guiarão aos seus
interesses pessoais. Esse leitor sai do patamar de
passivo para ativo. Lévy (1996:10) confirma essa
afirmação ao dizer o seguinte:
“ O leitor em tela
é mais ativo que o leitor em papel: ler em tela é,
antes mesmo de interpretar, enviar um comando a um
computador para que projete esta ou aquela
realização parcial do texto sobre uma pequena
superfície luminosa”.
O “novo” leitor precisa ultrapassar
as barreiras de uma leitura superficial; precisa não
só decodificar palavras e símbolos, como também
elaborar concisas interpretações, utilizando o seu
conhecimento de mundo.
“Esse tipo de
universo, com suas idiossincrasias, exige do usuário
o desenvolvimento de algumas habilidades ou
competências para ler e escrever, já que se trata de
uma escritura interativa em rede. O escritor e o
leitor devem levar em conta a situação de
comunicação em razão da leitura virtual e do modo de
estruturação hipertextual das informações”
[6].
O hipertexto é, sem dúvidas, uma
outra fonte de interatividade e hipermodalidade. É
uma nova concepção de leitura e escrita que convida
o hiperleitor a formas não-lineares de interação.
Por hipertexto, Antônio Carlos Xavier “entende ser
uma forma híbrida, dinâmica e flexível de linguagem
que dialoga com outras interfaces semióticas,
adiciona e acondiciona à sua superfície formas
outras de textualidade” (2005:171).
Como o nome já diz, hiper
significa posição superior, intensidade, ou excesso.
Será possível, então, afirmar que o hipertexto é
superior ao texto, e que ele oferece algo a mais,
uma vez que se pratica um suporte dinâmico como o
computador? A resposta é sim. Tendo como aliados a
interatividade, a multi-linearidade, hibridismo,
dinamismo, pluritextualidade, o hipertexto é
superior ao texto, e oferece algo a mais sim.
“O hipertexto é
mais do que uma nova forma de organizar a informação
existente, ele influencia os tipos de informação que
organiza. À medida que o sistema de um hipertexto
cresce e evolui, a estrutura da informação em si se
altera” (Burbules e Callister, 2000:43).
O chat, o blog, e o
e-mail apresentam a característica hipertextual
por trazerem em sua textura marcas autênticas e
indeléveis da pluralidade da linguagem no
hipertexto, de modo que os elementos sonoros,
visuais e lingüísticos se fundem para compor um
texto “conversacional”, ainda que a escrita, nestes
gêneros, apresente características distintas da
usual, repleta de jargões e abreviaturas. Ou, ainda,
como diz Anis (2000 e 1999), trata-se de uma
hibridação entre o oral e o escrito, de uma “escrita
oralizada”, de um “falar escrito”, ou de uma
“escrita espontânea rápida”.
A Internet permite que o
leitor participe mais intensamente das
interpretações. Como já dissemos, o leitor é mais
ativo, “dono de si”, e assim tem a oportunidade de
participar efetivamente na construção de sentidos
dos textos, buscando sempre novos vieses para
inúmeras interpretações, visto que esse leitor
aplica o que ele lê ou vê à sua realidade.
REFERÊNCIAS
ANIS, J (Dir.).
Internet, communication et langue française.
Paris: Hermes, 1999.
___________. Modifications dans
les pratiques d”écriture. Le Français Aujourd”hui.
Paris: nº 129, p. 59-69, 2000.
ANIS, J & MARTY, N. (Org.).
Lecture et écriture et nouvelles technologies.
Paris: CNDP, 2000.
ARAÚJO, Júlio César &
BIASI-RODRIGUES, Bernardete. Interação na
Internet: novas formas de usar a linguagem. Rio
de Janeiro: Lucerna, 2005.
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e a
filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec,
1981.
______________. Estética da
criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
BOLTER, Jay David. Writing Space:
The computer hypertext and history of writing.
Hillsdale: Lawrence Erlbaum, 1991.
BRONCKART, J.P. Atividades de
linguagem, textos e discursos: por um interacionismo
sócio-discursivo. São Paulo: Educ, 1999.
CHARAUDEAU, Patrick & MAINGUENEAU,
Dominique. Dicionário de Análise do Discurso.
São Paulo: Contexto, 2004.
CHARTIER, Roger. Os Desafios da
escrita. São Paulo: Unesp. 2002.
COMPAGNON,
Antoine. O Demônio da leitura. Belo
Horizonte: UFMG, 2001.
DIONÍSIO, A. P.;
MACHADO, A. R. & BECERRA, M. A. Gêneros Textuais
e Ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
FERRARI, Pollyana.
Hipertexto Hipermídia: as novas formas da
comunicação digital. São Paulo: Contexto, 2007.
LÉVY, Pierre. Cibercultura.
São Paulo: Editora 34, 1999.
___________. O
que é o Virtual?. São Paulo: Editora 34, 1996.
MAINGUENEAU,
Dominique. Análise de textos de comunicação.
São Paulo: Cortez, 2002.
MARCUSCHI, L. A. & XAVIER, A.
C. Hipertexto e gêneros digitais. Rio
de Janeiro: Lucerna, 2005.
SWALES, J. M. Genre Analysis.
English in academic and research setting.
Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
Site
Wikipédia:
www.wikipedia.org - acessado em 23/03/2009.
[1]
Possui Graduação em Letras
(Português-Inglês) e Pós-graduação em
Gêneros Textuais e Interação pelo Centro
Universitário Plínio Leite (UNIPLI),
Niterói/R.J. Professor de Língua Inglesa.
Revisor da Revista Litteris. E-mail:
rodhora@hotmail.com. Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1104072390863406
[2]
Lévy conceitua Ciberespaço como um novo meio
de interação e comunicação ressurgente da
interconexão mundial dos computadores.
Segundo o autor, “o termo especifica não
apenas a infra-estrutura material da
comunicação digital, mas também o universo
oceânico de informações que ele abriga,
assim como os seres humanos que navegam e
alimentam esse universo” (Lévy, 1999:17).
[3]
Para Lévy (1999:17), Cibercultura é “o
conjunto de técnicas (materiais e
intelectuais), de práticas, de atitudes, de
modos de pensamento e de valores que se
desenvolvem juntamente com o crescimento do
ciberespaço”.
[4]
Essa estimativa foi divulgada pela Pollyana
Ferrari em seu livro Hipertexto,
Hipermídia: as novas ferramentas da
comunicação digital. São Paulo: Editora
Contexto, 2007.
[5]
Compagnon (2001) diz que “o leitor é, então,
uma função do texto, como o que Riffatterre
denominava o arquileitor, leitor onisciente
ao qual nenhum leitor real poderia
identificar-se, em virtude de suas
faculdades interpretativas limitadas.
[6]
COSTA, Sérgio Roberto. (Hiper) textos
ciberespaciais: mutações do/no ler-escrever.
Caderno CEDES (UNICAMP) vol. 25, nº 65.
Campinas Jan/Apr 2005.
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