domingo, 7 de dezembro de 2008

Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do póshumano - "SANTAELLA"

Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 22 • dezembro 2003 • quadrimestral 23

TECNOLOGIAS DO IMAGINÁRIO

Da cultura das
mídias à
cibercultura: o
advento do póshumano

RESUMO
Este artigo trata da questão do desenvolvimento das
tecnologias da informação e da comunicação e sua im pli ca ção
em todas as esferas da sociedade.

PALAVRAS-CHAVE (KEY WORDS)
- Tecnologias (Technologies)
- Complexidade (Complexity)
- Cultura das mídias (Media cultures)

Lúcia Santaella

JÁ ESTÁ SE TORNANDO lugar-comum afirmar
que as novas tecnologias da informação
e comunicação estão mudando não
apenas as formas do entretenimento
e do lazer, mas potencialmente todas
as esferas da so ci e da de: o trabalho
(robótica e tecnologias para escritórios),
gerenciamento político, ati vi da des militares
e policiais (a guerra ele trô ni ca), consumo
(transferência de fundos ele trô ni cos),
comunicação e educação (apren di za gem
a distância), enfi m, estão mudando toda a
cultura em geral. Para Ro bins e Webster
(1999, p. 111), se as forças do capital
corporativista e os interesses po lí ti cos
forem bem-sucedidos na introdução
sis te má ti ca dessas novas tecnologias – da
robótica aos bancos de dados, da internet
aos jogos de realidade virtual, então a vida
social será transformada em quase todos
os seus aspectos. O desenvolvimento
es tra té gi co das tecnologias da informática
e co mu ni ca ção terá, então, reverberações
por toda a estrutura social das sociedades
ca pi ta lis tas avançadas.
Tendo em vista a relevância das
re ver be ra ções que já se fazem presentes
e da que las que estão por vir, tenho
defendido a idéia de que nós, intelectuais,
pes qui sa do res e mestres, devemos nos
dedicar à tarefa de gerar conceitos que
sejam capazes de nos levar a compreender
de modo mais efe ti vo as complexidades
com que a re a li da de em mutação nos
desafi a. Este tra ba lho que aqui apresento
é parte do esforço que tenho desenvolvido
para ir ao encontro dessa tarefa. Prova
desse esforço está no meu livro recémlançado
Culturas e Artes do Pós-Humano.
Da cultura das mídias à ci ber cul tu ra (2003).(...)

(...) Nem mesmo McLuhan, com sua
cé le bre pro vo ca ção O meio é a mensagem
(1964), tão criticada há algumas décadas
e hoje trans for ma da em axioma para
todos os “plu ga dos”, chegou ao nível de
obliteração da linguagem que o fetiche das
mídias tem alcançado. Ao contrário, com
sua afi r ma ção, McLuhan estava justamente
se des vi an do da tendência comum nas
teorias da comunicação de sua época, que
separavam, de um lado, o modo como a
mensagem é transmitida, de outro lado,
o conteúdo da mensagem. Ao colocar
ênfase nos meios, McLuhan insistia na
impossibilidade de se separar a mensagem
do meio, pois a men sa gem é determinada
muito mais pelo meio que a veicula do que
pelas intenções de seu autor. Portanto, em
vez de serem duas funções separadas, o
meio é a men sa gem (Lunenfeld, 1999a, p.
130).
Do mesmo modo que essa frase de
McLuhan foi denegrida pelos amantes dos
conteúdos semânticos, sem que esses
crí ti cos tivessem se dado ao trabalho
de bem compreendê-la, hoje se fala
de mídia de ma nei ra atabalhoada, sem
a preocupação e compromisso com o
escrutínio das com ple xi da des semióticas
que as constituem.
Ora, mídias são meios, e meios, como
o pró prio nome diz, são simplesmente
mei os, isto é, suportes materiais, canais
físicos, nos quais as linguagens se
corporifi cam e através dos quais transitam.
Por isso mes mo, o veículo, meio ou mídia
de co mu ni ca ção é o componente mais
superfi cial, no sen ti do de ser aquele que
primeiro aparece no processo comunicativo.(...)

LEIA NA ÍNTEGRA EM:
http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/famecos/article/viewFile/229/174

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