sábado, 28 de fevereiro de 2009

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2009 (58)

VALORES E CAPITALISMO

Sair pela tangente é o que muitos fazem!

Se os relacionamentos não andam bem, super valorizo o contato com os “bichos” e as coisas, e vou empurrando com a barriga!

O capitalismo fez com que nos acostumássemos a deturpar quase tudo!

Lembro-me de meus pais que não valorizavam quase nada a faculdade que eu cursava !

Na época não concordava com eles, mas hoje concordo! Concordo porque a formação do só pra constar, do canudo nas mãos e do cérebro adormecido!....

Explico, pouco se promove nas faculdades, o senso da curiosidade, da procura autônoma, do autodidatismo!

Hoje as coisas mudaram um pouco no mundo corporativo, mas nas faculdades... não sei não! Nos empregos andam valorizando a cultura geral, a iniciativa nas pesquisas, as particularidades de cada um... enfim, muitas coisas mudaram!

Meus pais talvez tivessem um julgamento em relação às faculdades de algo que servia para fazer o filho universitário sentir-se superior ao resto da família!

E assim sentir-se um extra terrestre na própria sociedade! Porque na realidade poucas , ou quase nenhuma universidade corresponde ao que deveria ser mesmo!

Desde a década de 70 ,80, muita coisa continua a mesma! Por causa do ensino que desde o ensino primário produz indivíduos ao invés de cidadãos!...seria mesmo surpreendente que muitos ao saírem da universidade saíssem cidadão de primeira categoria! As burocratices e o ensino ruim mesmo nessas instituições,só poderia “formar” ...estas aberrações!!

Eu mesma posso dizer que a faculdade que fiz, pouquíssimas coisas boas me trouxe!

A valorização entre as pessoas é outro assunto que tem como cerne esses mesmos fatos do nosso contexto social, cultural, educacional....enfim!

Se é a universidade que alicerça um país em tudo! Desde a pré escola até a fabricação de foguetes, passando pelos remédios que meu filho toma para a dor de barriga!

O que pensar então!? Como a sociedade poderá melhorar se a universidade não melhorar!?

E lógico!! No capitalismo tudo deve ser controlado, vigiado, rotulado, legalizado,registrado,tudo tem um dono! A tecnologia tem dono! A ciência tem dono!

Os segredos industriais são o maior tesouro destes poucos donos do capital! E o povo...que se vire com as migalhas!

Digo tudo isso porque se a crise cada vez mais aumentar, e se o povo ficar cada vez mais pobre!! Quem os donos do capital poderão explorar!?

Daí poderíamos começar a nos acostumar em pensar em alternativas para este sistema falido, que junto leva todo o sistema educacional pro buraco!

Poderíamos pensar por exemplo na Economia Solidária! Onde todos são autônomos, todos trabalham, todos lucram, e ninguém explora ninguém!

Será isto possível!? NÃO!! NOSSA MENTALIDADE CAPITALISTA RESPONDERÁ QUE NÃO!

Mas sei que numa hora ou outra começaremos a considerar esta saída!

E aí veremos que o que Rousseau disse sobre o primeiro homem que cercou uma porção de terra e declarou, isto é meu! E nesses momento nenhum outro homem foi capaz de dizer NÃO!!! Isto não é seu!!! A terra pertence a todos!...

Veremos que Rousseau tinha razão! Veremos que o conhecimento, a tecnologia, a ciência,não podem ter donos!

Pertencem a todos! Ivan Illich era o cara que dizia isto, e em sua época , lógico, não foi compreendido!

Hoje a coisa mudou!! Muitos jovens percebem a coisa extraordinária que ele dizia!

Alguns desses jovens são os insatisfeitos com as universidades! Então constatamos que nem tudo está perdido!

Constatamos que há muito o que se fazer! E que há saídas ótimas, só é preciso ter olhos “de ver”!!rsrsrssssss

Acho que estamos no pico de uma grande transformação, e fico feliz com isso! DESAFIOS!!

Nadia Stabile – 19/02/09

· no começo disse sobre valorização das pessoas!!

· Pois é!! Valorizo muito mesmo todas as pessoas que esbarram em mim!

· Somos da mesma espécie, precisamos da união com os outros assim como os elefantes precisam de manadas, e pinguins precisam dos outros de sua espécie pra não morrerem de frio!

· Valorizo muito todos vcs!! Abrações!!

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Prof. Antonio Ozaí comenta no nosso Grupo do Yahoo:

"(...)fiquei a pensar e me parece que a universidade e a educação em geral também expressa a sociedade e seus valores... talvez esperamos demais da universidade e da educação... talvez..."(23/02/09)

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2009 (64)

O que é o virtual? Pierre Lévy (livro)

Autor: Lévy, Pierre
Editora: Quarteto Editora
Ano de Publicação da 1ª Edição: 2001

Titulo Original: Qu'est-ce que le virtuel?
Tradutor: Sandro Patrício Gama Nóbrega

Opinião:

Pierre Lévy, filósofo e professor do Departamento de Hypermedia da Universidade de Paris VIII, descontroi a problemática do virtual. O que é o virtual? É a questão que coloca a si próprio e em dez capítulos analisa detalhadamente diversos aspectos do virtual pela positiva, oferecendo ao leitor uma nova abordagem acerca deste tema.

... A virtualização

O virtual existe como potência, não é, portanto, um conceito oposto ao real, mas é oposto ao conceito actual. A actualização e a virtualização são dois conceitos diferentes. A actualização é uma solução de um determinado problema, um resultado de factores que se conjugam e originam uma solução. Pierre Lévy define a actualização como “uma criação, invenção de uma forma a partir de uma configuração dinâmica de forças e de finalidades.” A virtualização é oposta à actualização pois não se trata de uma solução, mas sim uma “mutação de entidade”, uma deslocação da entidade no espaço.

Pierre Lévy descreve um exemplo no livro “O que é o Virtual?”: o caso das empresas virtuais. Uma empresa organizada classicamente dispõe os seus trabalhadores num espaço determinado. Já uma empresa virtual abre as portas ao teletrabalho. Estas empresas virtuais criaram um problema que deriva da forma como são organizadas. Nas empresas clássicas existiu uma actualização, ou seja, de um problema passou-se a uma solução: organizar uma empresa através de critérios clássicos: horários estabelecidos, postos de trabalho físicos. A virtualização das empresas veio criar um problema (ruptura com as regras tradicionais) que advém da solução (regras tradicionais) encontrada pelas empresas clássicas. Conclui-se, portanto, que a virtualização não se opõe ao real, mas é um factor que origina novas realidades particulares. Consegue trazer à organização da sociedade uma maior liberdade. A maior liberdade concretiza-se no espaço. A empresa deixa de ter um lugar físico preciso.

Quer as empresas, como os textos, os corpos, a arte, a economia estão a transformar-se e como Miguel Serres no livro Atlas escreve, a virtualização é como um “para lá de algo.” Estar “lá”, naquele espaço significa existir, no entanto, a virtualização comprova que o facto de não estar lá não significa necessariamente que não exista. Uma comunidade virtual move-se por um conjunto de interesses, amizades, rivalidades, ou pelos mesmos problemas. Esta comunidade está “para além de algo” pois não existe em lugar nenhum lugar específico no espaço. O espaço onde tudo se desenrola é virtual. Trata-se de uma nova cultura virtual, uma cultura nómada, que se move no virtual onde os assuntos surgem com um “mínimo de inércia.” Nesta nova comunidade “a sincronização substitui a unidade do espaço, a interconexão substitui a unidade do tempo,” tudo o que era real muda de identidade para o virtual.

Existe um novo espaço e uma nova velocidade na virtualização. Pierre Lévy explica em primeiro lugar que todos os seres vivos inventam o seu tempo e o seu espaço específico. Mesmo no caso do Homem o tempo e o espaço varia consoante a cultura e o conhecimento de cada humano. Nova Iorque hoje está relativamente perto de Lisboa para quem sabe o que é um avião e para quem já viajou num. No entanto, um homem que nunca tenha viajado num avião nem saiba o que ele é, o seu espaço será muito mais reduzido e o seu tempo será maior. Lévy escreve o exemplo do comboio pois foi o primeiro meio de comunicação/transporte que mais encurtou distâncias no mundo.

Neste primeiro capítulo aparecem diversas comparações entre a sociedade que debate o tema do virtual e o modo de vida nómada dos tempos primitivos do Homem. Neste momento o Humano viaja no espaço sem nenhum destino específico, mas com mais possibilidades de existência. O autor refere que “o turismo é, a indústria mundial que mais lucros apresenta.” Ora mas a questão importante é lançada a seguir: “A multiplicidade dos media e o crescimento dos débitos de comunicação substituirão a mobilidade física?” Pierre Lévy, com incerteza responde que não. Quem recorre mais ao telefone, é quem convive mais no exterior, ou seja, quem faz um maior uso das tecnologias de comunicação é, também, quem se move mais no social. A virtualização não vem eliminar os espaços já existentes, vem reforçá-los com criação de novos.

A criação de espaços novos é um problema no caso das empresas virtuais onde o trabalho facilmente se mistura com o domínio privado (a sua casa). Nas empresas clássicas havia uma separação. O trabalho realizava-se no local adequado e o domínio privado, a casa, nunca era invadido pelo público, o trabalho. Nas empresas virtuais o trabalhador muitas vezes já não sabe para quem está a trabalhar pela multiplicidade de recursos que existem. As fronteiras do real deixam de existir no virtual e as regras de organização física perdem o sentido que antes tinham. Começa-se a colocar em causa as regras e por isso se pode afirmar que a virtualização é sempre heterogénese: “processo de acolhimento da alteridade.” O “efeito Moebius” retrata este aspecto: “a passagem do interior ao exterior, e do exterior ao interior.”

... A virtualização do corpo, do texto e da economia

Antes de se avançar na leitura destes três capítulos onde Lévy analisa em detalhe o texto, o corpo e a economia pelo caminho da virtualização, é necessário compreender conceitos como: “O real, a substância subsiste ou resiste. O possível esconde formas não manifestadas, escondidas, onde insistem. O virtual, como já foi referido, não está lá, a sua essência está na saída, ele existe. Por fim, sendo manifestação de um acontecimento, o actual ocorre, a sua operação é a ocorrência.” Pág. 131 Mas também será necessário compreender o que é de facto a virtualização: “operações de problematização, de desterritorialização, de comunhão, de constituição recíproca da interioridade e de exterioridade.” – Pág. 92 Após o entendimento destes conceitos a leitura do livro será mais objectiva e poder-se-á avançar com a leitura, que se quer inteligível, dos capítulos “A virtualização do corpo”, “A virtualização do texto” e “A virtualização da Economia”

O corpo humano é agora compreendido pelo Homem através da medicina. Tornou-se um objecto modificável através de operações plásticas, dietas, drogas, hormonas, quase tudo passou a ser possível de alteração. Além disso as tecnologias de comunicação permitem ao Homem estar “aqui e ali”, estar num espaço físico e noutro ao mesmo tempo independentemente da distância pois a velocidade de transmissão é muito rápida. Convém aqui lembrar esta frase de Pierre Lévy “a sincronização substitui a unidade do espaço, a interconexão substitui a unidade do tempo,” A virtualização do corpo será uma etapa da virtualização que começa ainda a dar os primeiros passos, tal como foi a da economia e a do texto. Os nossos desejos, actividades físicas e psíquicas necessitam de uma exterioridade que ocorre na virtualização. A exteriorização é feita por todos e na virtualização podemos ter acesso às sensações do outro, nos sistemas avançados da realidade virtual em quase tudo a experiência do outro é semelhante à nossa. Mas o Homem não parece ficar por aí. Até o corpo está a ser projectado no virtual, onde através da técnica consegue-se “reconstruir modelos numéricos do corpo em três dimensões.” Somos assim organismos híbridos - que se afastam das leis naturais – e passamos a ter um “hipercorpo”, onde tudo se partilha e tudo se adiciona e o aqui e agora tem muita importância nestes novos corpos pois todas as emoções procura-se que sejam intensas, por conseguinte, justifica-se cada vez mais a adesão a desportos radicais, de forma a evidenciar a nossa condição mortal. Lévy termina este capítulo com um parágrafo onde descreve de forma sucinta todo o processo do “hipercorpo” num texto narrativo com tonalidades poéticas: “O meu corpo é a actualização temporária de um enorme hipercorpo híbrido, social e tecnobiológico. O corpo contemporâneo é como uma chama, muitas vezes minúsculo, isolado, separado, quase imobilizado. Depois, ele sai de si mesmo, intensificado, pelos desportos ou pelas drogas, passa por um satélite, liga-se então ao corpo público e queima-se com a própria chama, brilha com a mesma luz do que os outros “corpos – chama”. De seguida, volta a si, transformado, numa esfera quase privada aqui e por todo o lado, tanto em si como misturado. Um dia, ele separa-se completamente do hipercorpo e apaga-se.”

Enquanto que a virtualização do corpo ainda é um processo que está a decorrer, a virtualização do texto já ocorreu. Pierre Lévy indica-nos que o texto sempre foi um “objecto virtual.” Não está nem esteve dependente de um suporte físico específico. No entanto, apesar do texto se um “objecto virtual” quando o lemos, automaticamente actualizamos o assunto, construindo uma “paisagem semântica móvel e acidentada” como escreve Lévy. Como tecnologia intelectual a escrita virtualiza a nossa memória, não se podendo afirmar que a escrita é apenas um registo da palavra. Contudo a virtualização da memória não deverá ser confundido com o informático. O hipertexto - “matriz de textos potenciais” - apresenta-se na World Wide Web como um continuum de texto, e existe um enriquecimento na leitura pois o hipertexto além de ser um continuum de textos é também uma nova forma de apresentar o texto. “O hipertexto numérico definir-se-ia, então, como uma colecção de informações multimodais dispostas numa rede, navegável de forma rápida e intuitiva.” Existe uma desterritorialização do texto no ciberespaço, as noções de “unidade, identidade e localização” deixam de ter sentido. O ciberespaço, através do texto, acaba por ser um reflexo da sociedade. O texto projecta-se no mundo virtual através do efeito Moebius. A busca do texto no ciberespaço também é diferente. Procura-se o nosso pensamento no aqui e agora e não o pensamento do autor. Lévy, para concluir, escreve acerca de uma futura ideografia dinâmica que está a surgir, baseando-se nos ícones informáticos e nos jogos de vídeo.

Na economia tudo caminha para o virtual. “A humanidade nunca consagrou tantos recursos a não estar lá.” Metade da actividade económica mundial baseia-se nos serviços de transporte e a actividade que apresenta mais lucros é o turismo. No entanto, não é apenas esta desterritorialização que marca presença na virtualização da economia. Existem invenções ou mecanismos que acentuam a virtualização da economia: os bancos online, por exemplo. Também a informação e o conhecimento passaram a ter uma nova relevância na nova economia após a segunda guerra mundial. Tornaram-se bens primordiais. São importantes pois assistimos a uma “emergência de uma economia de abundância” e o conhecimento e a informação podem proporcionar outro tipo de riqueza que não se pensava na “economia de raridade.” Ora mas o que é a informação? Virtual ou imaterial? A informação não é material nem imaterial, trata-se de uma ocorrência. A informação é virtual pois existe “uma separação de um aqui e agora particulares, passagem ao domínio público e, sobretudo, heterogénese.” Mas na virtualização da economia até o modo de pagamento do trabalhador se altera. O trabalho deixa de ser pago à hora, para ser pago consoante a competência de cada indivíduo, o seu potencial. Com a crescente informação coloca-se a questão do copyright. No caso do texto o que se pagava era o suporte físico do mesmo e não o texto em si. Lévy afirma que a perspectiva é pagarmos pela utilização e não pelo objecto em si. Existe assim “uma passagem de uma propriedade territorial rígida a uma retribuição de flutuações desterritorializadas, e a transformação de uma economia de valor de troca em economia de valor de uso.” A outra solução apresentada é haver um pagamento da actualização do hipertexto, uma forma de ele ser entendido. Nesta nova economia existe um macropsiquismo que se forma: “operações do pensamento, emoções, conflitos, entusiasmos, ou esquecimentos” que é decomposto pelo autor analisando a sua conectividade, semiótica, axiologia e energética.

... As três virtualizações que fizeram o humano

No quinto capítulo, Lévy desenvolve o que diz ser “um retomar da autocriação da humanidade.” Esta autocriação da humanidade é possível pelo facto de existirem três processos de virtualização que permitiram o desenvolvimento da linguagem, das instituições e da técnica. Importa indicar que a linguagem é a virtualização do aqui e agora, a técnica é a virtualização da acção e o contrato a virtualização da violência. A humanidade recriasse através de processos de virtualização que permitem a organização de uma sociedade mais evoluída.

... As operações da Virtualização ou o Trivium antropológico

Se Pierre Lévy não fosse filósofo este capítulo com certeza não existia. Através do Trivium do ensino liberal da Antiguidade: a retórica, a dialéctica e a gramática, Pierre Lévy faz uma comparação entre este Trivium e a virtualização. Indica que a gramática constitui a fundamentação da virtualização, a retórica projecta o virtual, e a dialéctica é o que une o virtual, sistema de signos, ao mundo objectivo. “Um caso de virtualização fora de tempo” que Lévy desenvolve neste capítulo.

... A virtualização da inteligência, constituição do sujeito e a constituição do objecto – Capítulo 7 e 8

Ao contrário das formigas – exemplo de Pierre Lévy – somos seres conscientes e emotivos. Pensamos, reagimos emocionalmente, temos liberdade para reinventar o mundo. A formiga é “obediente e beneficiária, ela apenas participa.” Os Homens partilham de uma inteligência social que permite terem uma noção do todo, uma mundivisão. É possível a cada um deles alterar um pouco da realidade social que o envolve. O ciberespaço é uma virtualização da realidade, onde o Homem ainda ganha mais liberdade para essas alterações, um espaço onde a heterogénese – conceito marcante neste livro – acontece. A inteligência colectiva, o último ponto analisado por Pierre Lévy, tem uma efectivação evidente no ciberespaço onde cada indivíduo participa activamente. É importante voltar a esclarecer o capítulo 5 onde Lévy explica as três virtualizações que fizeram o humano: “Cada indivíduo humano possui um cérebro particular, tendo crescido grosso modo sobre o mesmo modelo que o dos outros membros da espécie. Biologicamente, as nossas inteligências são individuais e semelhantes (ainda que não sejam idênticas). Culturalmente, em contrapartida, a nossa inteligência é altamente variável e colectiva. Com efeito, a dimensão social da inteligência liga-se intimamente às linguagens, às técnicas e às instituições, notoriamente diferentes de acordo com os lugares e as épocas.” Pierre Lévy apresenta o ciberespaço como uma virtualização do mundo social já existente, mas com mais espaço para haver mudanças culturais do que o espaço actual. O ciberespaço “favorece as conexões, as coordenações, as sinergias entre as inteligências individuais” e, assim, consegue introduzir uma visão do virtual mais alargada do que outros teóricos que confundiam o virtual, com o não existir.

No oitavo capítulo Lévy termina a sua teoria do virtual indicando que existe um objecto que potencia a virtualização: o ciberespaço. “É um objecto comum, dinâmico, construído, (ou, pelo menos, alimentado) por todos aqueles que o usam. Adquiriu este carácter de “não separação” por ter sido fabricado, aumentado, melhorado pelos informáticos que foram, inicialmente, os seus principais utilizadores. Ela é uma ponte entre o objecto comum dos seus produtores e dos seus exploradores.” É no ciberespaço que a virtualização se dá com mais intensidade e se torna mais visível à dialéctica.

... O Quadrivium ontológico
No último capítulo Pierre Lévy deixa um quadro elucidativo de toda a base da sua teoria. Existem as substâncias por um lado. O potencial (pólo do latente), conjunto de possíveis predeterminados realiza-se no real (pólo do manifesto), nas coisas persistentes. Por outro lado existem os acontecimentos. O virtual, problemas, tendências, constrangimentos, forças e afins actualizam-se no actual, solução particular de um problema aqui e agora.


O aqui e agora e a sua mudança de identidade para um ciberespaço onde tudo é possível e actualizável. A existência não se coloca em causa, apesar de não haver substância: trata-se de uma ocorrência. Pierre Lévy confessa no epílogo que ainda tentava entrar no virtual e com ironia acaba o livro com um: “Bem-vindos ao caminho do virtual!” Lévy mostra a quem lê o seu livro um novo caminho para a descoberta do virtual. Dá uma imagem positiva do conceito e acima de tudo retira a ideia asfixiante e negativa que paira sobre o virtual. Transforma o virtual num conceito com uma carga axiológica neutra e liberta o ciberespaço para a criação livre e heterogénea.

FONTE: http://www.citador.pt/biblio.php?op=21&book_id=948

ECOLOGIA E MOVIMENTOS SOCIAIS :BREVE FUNDAMENTAÇÃO - PROF.MAURÍCIO WALDMAN ENVIA PARA O BLOG


Uma das minhas mais gratificantes experiências usufruídas do contato com os movimentos populares foi o acompanhamento das lutas das populações de atingidos por barragens, formado por grupos sociais que em comum, compartilham problemas e transtornos promovidos pela construção dos projetos hidrelétricos.

Explicitamente, a construção de hidrelétricas constitui um notório problema socioambiental que agrava as condições de vida de amplos segmentos da população brasileira, particularmente dos que não compartilham das benesses oferecidas pelo modelo de sociedade em vigor no país.

Neste sentido, recordo-me da exposição dos problemas enfrentados por estes grupos arrolados por interlocutores diretos desta problemática, conhecimento que obtive da fala simples de lideranças de agricultores e ribeirinhos do interior do Brasil.

Todos eram unânimes em denunciar um aparato de Estado que ainda hoje os entende como um "estorvo" para o desenvolvimento. Não haveria como negar, o modo de vida afluente de muitos grupos urbanos apenas se perpetua e reproduz com o comprometimento e o desmantelamento de modos tradicionais de vida, muitas vezes para sempre.

Paralelamente, a determinação dos atingidos em perpetuar um modo tradicional de vida era a toda prova. Por intermédio desta via de entendimento se tornaram uns dos primeiros movimentos sociais a compreender que o ambientalismo constituía uma argumentação poderosa para reforçar suas reivindicações. Justamente esta nuança justificou sua aproximação com os chamados ecologistas sociais, abrindo portas para que assim eu travasse contato com este notável movimento social brasileiro.

Foi neste contexto que em 1990 o antropólogo Aurélio Vianna, um especialista em grupos camponeses, convidou-me para redigir texto visando subsidiar e capacitar o Movimento Nacional de Atingidos por Barragens. Desta forma, elaborei Ecologia e Movimentos Sociais: Breve Fundamentação, material que busca com palavras simples discutir algumas concepções relacionadas com a questão ambiental, elaborado para um grupo cujas mobilizações sempre foram, aliás, objetivamente ambientalistas.

Para minha satisfação, o material terminou intensamente discutido nos mais diversos encontros e seminários dos atingidos por barragens, animando uma mobilização da qual sou orgulhosamente um apoiador.

O texto Ecologia e Movimentos Sociais: Breve Fundamentação foi publicado na Coletânea Hidrelétricas, Ecologia e Progresso - Contribuições para um Debate, uma edição do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Rio de Janeiro, 1990), encontrando-se à disposição de todo interessado.

O teor integral do texto publicado pode ser acessado abaixo em arquivo PDF.
Clique aqui para fazer o download do arquivo em PDF

FONTE : http://www.mw.pro.br/mw/mw.php?p=eco_ecologia_e_movimentos_sociais&c=e

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Críticas à Educação


Por que um economista se arvora a criticar a educação deste pais?

Na Folha de São Paulo, do dia 14 de fevereiro, na seção Tendencias/ Debates, o sr. Naercio Aquino Menezes Pinto, formado em Economia, pretendeu responder à pergunta: Como melhorar a qualidade da Educação? Seu primeiro argumento para explicar o porquê dos alunos que saem da 4a. serie não sabem ler e fazer contas fica por conta da suposta ignorancia ou incapacidade, tanto de professores, quanto de alunos em ensinar e aprender.Em seguida, são os pais que, por não terem acordado quanto à importancia da educação, sabem pouco e, assim, não podem ensinar aos filhos.
Muito mais interessante,é a referencia a uma pedagogia da "paz, amor e esperança" sobre a qual o autor não dá maiores informações(será que está falando de Paulo Freire?), dizendo que todo mundo sabe que ela não funciona. Daí passa a reprovar a formação de professores que nas faculdades de pedagogia ( não existem outras licenciaturas?)usam seu tempo debatendo sobre os grandes pensadores da educação (sobre o que debateriam?)em vez de aprender a dar aulas.
Além disso tudo, como se não bastasse, os professores, a seu ver, funcionariam muito melhor se recebessem por produtividade ( será que ele não sabe que já ultrapassamos a educação bancaria a que o grande Paulo Freire se referia?).
Sobre a existencia de professores temporarios, "sinal de que alguma coisa está errada", segundo o autor, justifica-se porque os sindicatos não estão preocupados com a aprendizagem dos alunos, já que se novos e bem preparados professores fossem para a sala de aula, os sindicatos perderiam seus eleitores, além de que seus interesses são contrarios aos da sociedade.
Finalizando, o autor reforça que todos esses problemas prejudicam mais os alunos pobres, em primeira instancia.Para não me alongar em explanações sobre todos esses equívocos desse senhor, pergunto: Por que o senhor não estuda, ao menos, a historia da Educação? Só a do Brasil já daria para começar um debate com a maioria dos professores deste pais.

Por: Joyce Sanchotene

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Miguel Nicolelis, seus sonhos e nossos sonhos...


Novembro 2008


Nos dias 05 e 06 de novembro, o presidente da AASDAP, Miguel Nicolelis, realizou encontros com as turmas de alunos da Escola Alfredo J. Monteverde de Natal e Macaíba. Falou de sua história de vida, de sua infância e adolescência, das pesquisas que desenvolve, da importância de sonhar e batalhar para transformar os sonhos em realidade.



Estimulou cada um dos meninos a se apresentar e falar de seus sonhos. Ouvindo-os atentamente e respondendo às indagações e questionamentos dos alunos, dialogou afetiva e respeitosamente com todos e com cada um, falando com e não para eles. Os registros da maioria dos adolescentes mostram como Miguel conseguiu tirar do altar a ciência e o cientista ofertando-se como testemunho orgânico ao saboreio do saber.



Depoimento de alunos

Unidade de Macaíba

-- O mais importante foi que ele falou sobre nunca desistir.

-- O que achei mais significativo foi que ele falou de ir em busca dos
sonhos apesar das críticas.

-- Saber da importância da avó em sua vida.

-- Ele ter nos escutado e vice e versa.

-- A presença de Miguel Nicolelis, porque ele é nosso presidente é médico
e cientista e eu abracei ele.

-- O orgulho de ser brasileiro.

-- Ele estar pronto para responder as perguntas dos alunos.

-- O gosto na profissão de ser cientista e dele falar de sua vida.

-- Das dicas de como falar em público, de responder as perguntas dos
alunos com clareza e da pesquisa para uma doença chamada tremedeira.

-- Ao declarar que nós alunos somos o sonho dele.

-- Quando ele descobriu que o cérebro era como uma sinfonia.

-- Pelo incentivo dado a nós de seguir nossos sonhos.

Unidade de Natal

-- Para mim foi bom, eu sempre quis saber quem foi o homem que
planejou este lugar onde duas vezes por semana eu venho.

-- O exemplo de um sonho que está quase completo, que depende da
felicidade e sonho dos outros.

-- Eu fiquei comovida foi quando ele falou que a ciência tem capacidade
de fazer voltar a andar uma pessoa paraplégica.

-- Os experimentos dele sobre a macaca que se movimentou e fez o
robô se movimentar e em troca ganhava suco de frutas.

-- Ele contou como surgiu a escola e a gente pôde ouvir os sonhos de
nossos colegas.

-- O fato de ele lutar pelos seus sonhos mesmo quando ninguém
acreditava que ele pudesse implantar uma unidade de ensino aqui.

-- Esse dia ficou marcado na minha vida... me incentivou mais ainda
a não desistir jamais.

-- Que todos os sonhos são possíveis.

-- Achei muito interessante por que ele falou um pouco do nosso brasileiro
Santos Dumont que muita gente não acreditava que ele iria voar, mas ele voou.

-- Que essa foi a primeira escola do mundo que é assim.

-- Gostei de saber que somos famosos em outros lugares.

-- Achei interessante o jeito dele se expressar, pensei que um cientista
falava bem difícil.

http://www.natalneuro.org.br/noticias_brasil/2008-11novembro.asp

Nicolelis, Miguilins e o Mutum



Miguel Nicolelis



“Ele queria ver mais as coisas, todas, que o olhar não dava”.
(Guimarães Rosa, in: Manuelzão e Miguilim)


Triste, triste é o talento que nunca pode florescer, que persiste perenemente asfixiado na anemia de recursos e de oportunidades. Doloroso é ver vidas que se queimam inapelavelmente na fogueira da miséria, cuja fumaça é vista de longe por olhares soberbos com preconceito, desprezo e arrogante presunção.

Lindo e sublime é contemplar o manancial se abrir sobre a carência, fazendo aflorar inteligências e dignidade de viver, tornando realidade o que antes era um longínquo potencial.

Miguilim, menino pobre, mas curioso com um mundo do qual não vê nada além de imagens borradas que o cerca, tem sua travessia rosiana marcada pelo encontro com o Dr. José Lourenço, que lhe percebe a miopia e lhe coloca os óculos, permitindo ao garoto ver um universo que, mesmo próximo, nunca lhe fora tangível.

“Miguilim olhou. Nem não podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas. Via os grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no chão de uma distância. E tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo...”.

As lentes corretivas, a possibilidade de estudar na cidade: o dr. José Lourenço é o catalisador de um processo que dará a Miguilim a possibilidade de se desenvolver como pessoa.

Numerosos são os “Miguilins” Brasil afora. E poucos, muito poucos, são os “doutores José Lourenço”.

Apesar do que se poderia supor a partir do nome, o paulistano Miguel Nicolelis não é um “Miguilim”. É um “dr. José Lourenço”.

Quando ainda era estudante de medicina na USP, nos anos 80, Nicolelis fundou uma associação acadêmica que permitiu às crianças carentes da região utilizar as quadras esportivas da universidade. A entidade estudantil existe até hoje e, através dela, milhares de crianças que não tinham possibilidade de praticar esportes podem fazê-lo em um ambiente que cultiva valores como a solidariedade e o espírito de equipe.

O atual projeto liderado por Nicolelis é muito maior do que a escolinha de esportes. Mas o tamanho de seu desafio não faz frente à grandeza de seu caráter.

Aos 47 anos, Nicolelis é um pesquisador de primeira grandeza nas neurociências, tendo sido apontado como um dos 50 cientistas mais influentes do mundo pela Scientific American. Há anos coordena na Universidade de Duke, na Carolina do Norte (EUA), um laboratório que está na vanguarda da neuroengenharia. Os animadores resultados de seus trabalhos exploram a movimentação de próteses mecânicas sob controle do pensamento, a partir de microchips implantados em regiões estratégicas do cérebro. Suas pesquisas podem trazer uma possibilidade terapêutica extraordinária para pacientes vítimas de lesões medulares, posicionando-o entre possíveis futuros laureados pelo Prêmio Nobel.

Tantos anos produtivos e gloriosos no “Primeiro Mundo” não lhe esfriaram a consciência sobre o país de onde veio. O panteão nacional e a bossa-nova que emana da página do seu laboratório na internet são reveladores. Cônscio do impacto que a educação e a ciência têm na trajetória de um povo, Nicolelis decidiu capitanear um ambicioso projeto que tenta colocar no mapa das neurociências a pobre Macaíba, cidade próxima da capital do Rio Grande do Norte.

É lá que ele cravou a bandeira do Instituto Internacional de Neurociências de Natal (IINN), com o propósito de estabelecer um pólo avançado em neurociências, atraindo pesquisadores da área, sobretudo jovens brasileiros que se encontram espalhados em universidades do exterior.

Além dessa vocação para a excelência na pesquisa, o alvo do IINN é ainda mais amplo: é usar a ciência como agente de transformação social. Por isso, no complexo do Instituto, há também um centro de saúde e duas escolas com bem equipados laboratórios de física, química e biologia, acolhendo jovens carentes de 11 a 17 anos.

Conhecedor das dezenas de boas idéias que brotaram no Brasil, mas que naufragaram em vicissitudes político-econômicas, Nicolelis impulsionou o IINN não só com o apoio dos governos estadual do RN e federal, mas, sobretudo, com o suporte estrangeiro. Nicolelis usou seu enorme prestígio para estabelecer parcerias e angariar fundos junto a prestigiosas instituições do mundo todo, como o Instituto Max Planck (Alemanha), além de universidades da América do Norte, da Europa e de Israel.

O sonho de Nicolelis levantou vôo, embora nem todos os projetos ligados ao instituto estejam já funcionando. Mas já há pesquisadores produzindo ciência, publicando resultados em jornais importantes. É o caso de Sidarta Ribeiro, ex-aluno de pós-doutorado no laboratório norte-americano de Nicolelis. Apaixonados pelo desafio, eles dizem com firmeza: “Escolhemos Natal porque acreditamos que a produção científica brasileira precisa ser descentralizada do eixo Rio - São Paulo - Minas Gerais. O conhecimento de ponta deve ser disseminado para outros pontos do país; o Nordeste é a Califórnia brasileira.”

Nicolelis e seu IINN se contrapõem frontalmente ao zeitgeist brasileiro.

Ele se choca contra os celerados que chafurdam na ignorância da história brasileira, apoiando excrescências ideológicas como o “Movimento República de São Paulo” e “O Sul é o meu país”.

Bate-se contra a proposta irresponsável que introduz na sociedade brasileira o germe do franco conflito racial, através da política de cotas nas universidades públicas.

Digladia-se com os que depreciam e discriminam nordestinos apenas por terem nascido onde nasceram.

Confronta-se com aqueles “bem intencionados” que querem isolar índios do contato com a civilização.

Olha com consciência e civismo para os problemas de seu país, chamando-o pelo nome, Brasil, enquanto muitos outros, em galhofa depreciativamente irresponsável, tratam por “Banânia”, talvez por refutarem o esforço que implica na construção de uma nação, talvez por rejeitarem uma terra que não esteja pronta como outras.

Por mais comovente que seja ver o empenho obstinado de um brilhante cientista que poderia nunca mais olhar para o Brasil, não será Nicolelis e seu IINN que salvarão o nordeste. Ele não é um messias. Tampouco será a transposição do São Francisco ou o Bolsa Família que transformarão o sertão. Não será uma ação governamental isolada que resgatará esse pedaço negligenciado do Brasil. Será um ciclo virtuoso de investimentos individuais, privados e estatais que trará o desenvolvimento à região, segurando migrantes, magnetizando talentos, gerando riqueza. Talvez já esteja começando, com a Ford na Bahia, com Porto de Suape em Pernambuco, com o petróleo em Mossoró, com o IINN no Rio Grande do Norte, com o turismo que atrai cada vez mais europeus para os resorts e pousadas do nordeste.

Acreditar e investir no poder civilizador da produção e difusão do conhecimento é a via mais segura rumo ao desenvolvimento, rumo à dignidade de vida. É o que fará esse jovem país “Miguilim” livrar-se de sua miopia, passando a enxergar o mundo, a si mesmo e seus enormes problemas sem indulgências, sem patriotadas, mas com a esperança que advém do trabalho, do talento, da inteligência e da coragem.

“E Miguilim olhou para todos, com tanta força. Saiu lá fora. Olhou os matos escuros de cima do morro, aqui a casa, a cerca de feijão-bravo e são-caetano; o céu, o curral, o quintal; os olhos redondos e os vidros altos da manhã. Olhou, mais longe, o gado pastando perto do brejo, florido de são-josés, como um algodão. O verde dos buritis, na primeira vereda. O Mutum era bonito! Agora ele sabia.”

Quando curados da miopia causada pela ignorância, pelo preconceito, pela covardia e pela falta de compromisso cívico, o país que se descortina diante dos nossos olhos argutos é ainda cheio de problemas graves, mas pleno de riquezas e de possibilidades. É o nosso Mutum, o nosso BRASIL.



PS: Depois de uma longa temporada na Holanda, Fernando Sampaio retornou ao Brasil. Com sua consciência cheia de ideais iluministas (Lumières), ele empenha sua experiência, sua cidadania e seu trabalho na construção de um país melhor. Leia seu depoimento em:

http://deslumieres.blogspot.com/2008/05/brasil-holanda.html

http://aterceiramargemdosena.blogspot.com/2008/05/nicolelis-miguilins-e-o-mutum.html


Sinapse da Inovação - Resumo da Pesquisa de Miguel Nicolelis

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Dialogismo e ciberespaço

LINGUAGEM: A NATUREZA DIALÓGICA NO ESPAÇO VIRTUAL


Joyce de Castro Sanchotene


RESUMO


O estudo descrito a seguir foi realizado por meio da observação e da análise da linguagem exercida em ambientes virtuais de comunicação com o objetivo de determinar alguns aspectos da interação em tais contextos. Os aportes teóricos foram encontrados em Bakthin, Faraco, Chartier e Silva, dentre outros. Entendendo a linguagem de forma dialógica e que, é na relação com os outros que nos constituímos, pretendeu-se, aqui, investigar de que maneira os internautas organizam sua interação, tanto em ambientes virtuais ou híbridos para que se possa registrar esses fatos historicamente com o objetivo de contribuir na investigação e constituição de formas pedagógicas a serem utilizadas em ambientes formais de educação.

Palavras-chave: Interação virtual. Ambiente. Linguagem. Educação.
1 INTRODUÇÃO

O presente artigo é resultado de uma reflexão embasada em conceitos de linguagem dialógicos e na observação e análise do efetivo exercício dessa linguagem em ambientes virtuais como sites, blogs e comunidades que fazem parte da Internet. Além disso, também foi observada a forma como se organizam as redes sociais, qual seu conteúdo e a que extrato social pertencem as pessoas que se habilitam a usar as ferramentas adequadas e participar da troca ciberespacial.
O acesso a computadores e à rede da Internet tem se ampliado significativamente nos últimos anos e estudos sobre o assunto tornam-se urgentemente necessários em curto espaço de tempo, para determinar o impacto das atividades realizadas em ambientes de interação social, principalmente em ambientes híbridos, sobre o processo formal de aprendizagem.
O conceito de linguagem aqui apresentado tem como pressuposto que esta é uma visão de mundo que busca as formas e instauração de sentido que passa pela abordagem lingüística e discursiva, pela semiótica da cultura, podendo ser definida como um conjunto de imagens entretecidas e ainda não de todo desveladas.
Para que se tenha uma idéia da importância da leitura, é importante citar Barthes e Compagnon apud Silva (2003).

Sabe-se que a leitura – o saber ler – foi, durante milênios, um operador brutal de discriminação social. A escrita-leitura (visto que uma não existe sem a outra) esteve, desde o início, ligada (com os escribas reais) às esferas do poder e da religião. Como padrão do tempo, da comunicação, da memória, do segredo, só podia ser um instrumento privilegiado do poder – ainda que este saber estivesse delegado numa casta de técnicos (escravos e clérigos) que dependia do poder. É por isso que a ‘alfabetização’ (ou difusão da escrita como técnica) sempre esteve ligada às lutas políticas e sociais da história.( Silva, 2003, p. 9)


Desta maneira, podemos dizer que, novamente, nos deparamos com outro operador de discriminação, o analfabetismo digital. Conforme Chartier (2002)

(...) quanto à ordem dos discursos, o mundo eletrônico provoca uma tríplice ruptura: propõe uma nova técnica de difusão da escrita, incita uma nova relação com os textos, impõe-lhes uma nova forma de inscrição. A originalidade e a importância da revolução digital apóiam-se no fato de obriga o leitor contemporâneo a abandonar todas as heranças que o plasmaram, já que o mundo eletrônico não mais utiliza a imprensa, ignora o ‘livro unitário’ e está alheio à materialidade do códex. É ao mesmo tempo uma revolução da modalidade técnica da produção do escrito, um a revolução da percepção das entidades textuais e uma revolução das estruturas e formas mais fundamentais dos suportes da cultura escrita. Daí a razão do desassossego dos leitores, que devem transformar seus hábitos e percepções, e a dificuldade para entender uma mutação que lança um profundo desafio a todas as categorias que costumamos manejar para descrever o mundo dos livros e da cultura escrita.( Chartier, 2002, p. 23-4)

Percebe-se, no momento atual, um temor das pessoas em relação à tecnologia, que os pegou desprevenidos, pois, além de não terem acesso e conhecimentos para usar, conforme o mínimo exigido dos profissionais hoje em dia, são facilmente passados para trás até por crianças que ainda não freqüentam a escola. Convivemos, também, com a tradicional falta de visão e decisão por parte das autoridades que, supostamente, deveriam cuidar do assunto.
De acordo com Brait (2001, p.77) “(...) a linguagem não é falada no vazio, mas numa situação histórica e social concreta no momento e no lugar da atualização do enunciado.” Isso significa que é necessário analisar a dimensão histórica e intersubjetiva do evento, pois, a dimensão é uma atualização do enunciado do ponto factual e semântico, ou seja, no momento de sua realização e não extraída após o acontecimento, apenas como uma forma gramatical seja ela palavra ou frase. Interessa-nos, na análise em questão, saber de que maneira tem sido feita na escola a formação do leitor do texto eletrônico, quais são as características da internet e do computador como suportes e produtores de textos, além da forma como são estruturados os textos digitais e de que forma se processa a interação com o leitor. Assim, foi feita uma análise documental e a observação de comunidades virtuais de estudos, discussões e de propagação de notícias, entre outros. Na verdade, tal idéia corrobora o pensamento de Bakthin, isto é, de que a perspectiva da semiótica das ideologias pode ser flagrada no intercurso social e nas manifestações de linguagem aí produzidas.

2 O DIALOGISMO NO CIBERESPAÇO

Entende-se que o sujeito nasce e é constituído como tal em um complexo caldo de heteroglossia e dialogização. Assim esse sujeito, no princípio, percebe a realidade lingüística como múltiplas vozes sociais que se realizam “em múltiplas relações dialógicas – relações de aceitação e recusa, de convergência e recusa, de convergência e divergência, de harmonia e de conflitos, de intersecções e hibridizações.” (Faraco, 2003, p. 80).
Bakthin define uma visão dialógica de mundo, ou seja, um diálogo entre existência e linguagem, entre mundo e mente, entre o que é dado e criado, que estão presentes nas discussões que faz sobre autoria, respondibilidade, mesmo e outro, mundo como experiência em ação, mundo como representação no discurso. Esses aspectos serão apresentados como conclusão deste trabalho, após a análise e estudo das comunidades virtuais de acordo com os pressupostos descritos acima. É interessante relembrar que em muitos lugares do mundo a alfabetização tradicional, que usa suportes mais simples do que os tecnológicos, ainda não chegou a resultados satisfatórios. Os suportes tecnológicos são, também, considerados intelectuais, já que promovem a experiência e a atribuição conceitual aos elementos utilizados.
Os estudos sobre questões de linguagem e de leitura, na formação de professores, perante a força de modelos discursivos não científicos, os quais orientam o ensino da língua no Brasil, bem como dos preconceitos lingüísticos e, por extensão, pedagógicos que são postos em todos os setores da sociedade, podem, também, ser equiparados à problemática da alfabetização digital com a qual a sociedade se depara neste momento. Considerando-se a função mediadora da tecnologia no processo de aprendizagem, torna-se primordial a discussão dos vários pressupostos teóricos relacionados a essa nova linguagem e não simplesmente a sua utilização como ferramenta. Por outro lado, são as crianças que dominam o assunto e conhecem todas as possibilidades do ambiente multimídia, dominando a sua utilização. Praticam várias experiências no ciberespaço, como, por exemplo, a formação e a participação em comunidades sociais que, por sua vez, pressupõem padrões, costumes e códigos sociais partilhados no ambiente.
Silva (2003) salienta:

É importante destacar que a tecnologia propriamente dita presente na Internet não é questionada pelas crianças enquanto aparato técnico, pois ela adquiriu uma determinada transparência que lhes permite lidar com pessoas, informações, jogos, serviços, aplicações e amigos. Por isso, é necessário considerar as implicações trazidas pela sua utilização sobre a percepção da realidade social, isto é, ao nos conectarmos com as informações por meio da Internet, estão ocorrendo mudanças externas, mas também internas. É fundamental reconhecer que o computador tornou-se um novo ambiente cognitivo.(Silva, 2003, p. 110)


Muitas são as considerações e estudos que se fazem necessários sobre os objetos informáticos, já que esses são imateriais e de existências virtuais, além de potencialmente interativos e, por tais motivos, são bem adaptados a uma pedagogia ativa.
Ainda sobre os ambientes interativos virtuais, é possível citar vários grupos de estudo e troca de experiências como, por exemplo, o Blogs Educativos, comunidades diversas formadas e interligadas por temas de estudo em várias áreas do conhecimento como o edudemocratica-Grupos, ou de interesse por notícias como o dHitt, redes de relacionamento como Orkut, Plaxo e muito mais.(...)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

FALANDO EM ADAPTAÇÃO....E EM CRISES...


Esses dois ideogramas chineses ao lado, significam "crise".
É formado pelos ideogramas : risco(perigo) e oportunidade.
Sempre lembro disto! e considero os orientais muito mais preparados para a vida. As dificuldades , os problemas da vida,geralmente são a própria vida! fazem parte de nossas vidas! E se pensarmos na vida dos chineses e até dos japoneses,veremos que deve ser repleta de situações a serem transpostas,muito mais complexas do que as nossas.
Nós brasileiros ainda estamos na infância ou no máximo na adolescência em relação a idade de nosso país,e talvez por este motivo, por sermos um povo jovem, consideramos tudo muito além de nós mesmos...
(isto sem considerar que os povos indígenas já estavam aqui muito antes dos portugueses aqui chegarem!)
Esta adaptação à vida que os povos de países antigos ou do velho mundo possuem,fazem com que tenham muito mais discernimento em sua luta diária e não se desesperem, a ponto de perderem a confiança neles próprios,e em sua força de trabalho.
Mas gostaria de falar sobre a nossa não adaptação às injustiças que nos cercam! Mais especificamente sobre educação e sobre nossa cultura machista e capitalista selvagem!
Não é preciso ser gênia para perceber as razões que levaram nossa educação para o buraco!
A mentalidade machista fez com que a educação ficasse relegada às mulheres, como se elas e as crianças fossem da senzala! Os salários por esta razão, cada vez mais foram diminuindo!
Os "machistas" ( esta expressão engloba para mim a mentalidade de toda nossa sociedade,que considera os homens os centros de tudo, e as mulheres simples satélites a servir os homens!)
Por causa desta mentalidade, a educação das crianças geralmente e em totalidade, fica nas mãos das mulheres. Pouquíssimos homens dedicam-se ao magistério. E se formos ver,nas primeiras séries do ensino básico (primário) ou na pré escola,não encontraremos um único homem trabalhando como professor! (isto é realidade em escolas públicas, nas privadas já não sei afirmar, mas acredito que não seja tão diferente).
Se formos olhar para o âmbito doméstico então! raros são os pais que dedicam-se como deveria à educação dos filhos! Constatamos então que minha tese sobre o machismo não é tão absurda assim!
Resumindo, a educação encontra-se neste caos porque as mulheres são muito mais oprimidas do que os homens! e sendo elas a educar as crianças e adolescentes,só poderia dar nisso!
O círculo vicioso tem funcionado muito bem! pagasse mal as professoras, com isso elas não podem estudar, pesquisar como deveria fazer uma verdadeira educadora,aí os alunos tornam-se cada vez mais rebeldes, por causa da má qualidade de ensino, aí então as professoras ficam cada vez mais desesperançadas e pobres, sem poder comprar sequer um livro por mês!
O sistema malha quem? as professoras que ficam cada vez mais desmoralizadas!
As pessoas condicionadas pelo capitalismo atacam as humildes e pobres professoras, porque num pais onde o importante é ter, ao invés de ser... e assim está montado o circo! E as teorias de Paulo Freire e de Tragtenberg, que poderiam proporcionar alguma saída para as professoras, elas nem conhecem! O que fazer então!? Qual a saída para este caos!? Se as crises é que podem nos trazer novas oportunidades, como pensam os chineses, estejamos certos que embora a transição seja arriscada, dolorosa para muitos, ainda assim devemos nos concentrar e saber que isto é a vida, cheia de desafios vertiginosos e estimulantes! Todos os problemas são passíveis de solução!
é algo normal, é algo que devemos encarar com seriedade e calma! e irmos em frente com muita determinação! muita força! passos firmes e fortes! para amadurecermos é preciso passarmos por muitas atribulações, muitas transformações, e se esta nossa crise educacional junta-se com a crise econômica do país, as transformações das pessoas se dará com mais rapidez, e aí quem sabe tudo possa resolver-se mais rápido!

Nadia Stabile - 14/02/09

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Melô da Adaptação

Esta música é dedicada a todos os educadores que estão lidando com a delicada fase da adaptação nas escolas de educação infantil. Para ser tocada toda vez que um pimpolho estiver esgoelando no pescoço da ansiosa mamãe.

Abraços e uma semana bem humorada para todos!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A MINHA INFÂNCIA - ESCOLAS NOS PARQUES!!

desde que nasci,até fazer 8 anos,
morei numa casa com grande quintal,
árvores, plantas de muitos tipos!
a mangueira minha amiga,teimava em não dar mangas!
mas mesmo assim sempre gostei dela,
talvez meus pais não soubessem tratá-la!
mas o quintal era a minha vida!
plantinhas picadinhas viravam sopinha para as bonecas,
tatus bolinhas foram confundidos com balinhas pela minha irmã no passado!
a terra era fundamental pra sopinha ficar no ponto!
um urinol velho de ágata,furado virava fonte pendurado na árvore!
e as peças de ferro fundido das máquinas que meu pai fabricava,
viravam laguinhos enferrujados maravilhosos pra fazerem meus barquinhos navegarem!
meu pai tinha sua pequena indústria mecânica do lado de casa,mas o quintal era comum!
aventuras dentro da mecânica...era outra coisa muito divertida!
eu não brincava na rua, mas aprontava mil coisas no quintal de terra com meus primos!

depois de mudar de lá, na segunda casa que morei quando tinha quase 10 anos,
não me conformava com a falta de terra e das plantas! até tínhamos um quintal meio grande! mas revestido com cerâmica e só tínhamos uns canteiros!
mas na esquina da rua havia uma pracinha ainda não ajardinada,
ia até lá e apanhava saibro,um tipo de barro argiloso,
fazia cabeças de fantoches, depois fazia a roupinha e então encenava peças para as amigas na garagem da vizinha!
hoje, sinto muita falta da terra! das plantas, e sei que foram elas que me fizeram uma criança feliz e saudável!
na pré escola o que mais marcou foram as idas aos jardins da escola, onde levávamos um regadorzinho pra aguar as plantas!

escrevi isto pra dizer que crianças e natureza não podem nunca se separar!
as crianças precisam da natureza! só a natureza pode libertar a alma das crianças!
concordo totalmente com o Beto Samú (colagem de postagem anterior) e com Thoreau!!
talvez se os governos resolvessem construir menos prédios...
fazer mais parques....e as aulas fossem dadas nos parques!!!
quem sabe fosse uma grande saída pra nossa educação tão ruim!
ESCOLAS NOS PARQUES!

Nadia Stabile - 06/02/09

Dicas para um retorno às aulas mais consciente.


Prometi publicar algumas sugestões de atitudes mais limpas e conscientes para a volta às aulas. Esta lista é apenas um princípio. Idéias que ajudem a ampliá-la serão superbenvindas (é assim na nova ortografia? Cruzes!). Este texto tem a colaboração da Silvia Schiros.

1. Bazares de troca ou venda de uniformes usados. A idéia, comum na Inglaterra, é montar um local na própria escola, onde os pais podem comprar ou trocar uniformes usados, mochilas, lancheiras e livros didáticos e paradidáticos em bom estado. Pais e escola decidem o que fazer com o dinheiro arrecadado. Pode-se também incluir a venda de roupas usadas (criança perde roupa novinha), brinquedos, jogos e material escolar.

2. Estímulo à carona. Incentivar os pais a trocarem roteiros e contatos de carona. Facilitar esta troca através de uma lista onde os pais interessados colocam roteiro e contato. É uma medida simples que reduz o número de carros na rua, poluentes e pais estressados. (Atenção escolas: pais menos estressados dão menos trabalho. Invistam nisso!).

3. Potão para troca de lanches. Uma gamela onde as crianças colocam os lanches que não vão comer, para que outro interessado (aluno ou funcionário) coma. Uma forma de compartilhar e reduzir as sobras.

4. Compostagem para as sobras de lanche. Feita pelas próprias crianças e que depois servirá de adubo para as árvores, horta e jardim da escola. Se houver excesso, pode ser doado para os pais ou entidades.

5. Lancheira sem embalagens. Opte por frutas, lanches e sucos caseiros, embalados em potes plásticos retornáveis (o bom e velho "tapuér") e em garrafinhas térmicas. Se precisar enviar um alimento industrializado e a escola do seu filho não tem um programa sério de reciclagem, tire-o da embalagem, mande no pote plástico e encaminhe você mesma a embalagem para a reciclagem. Dica: se você quiser sugestões de como montar lancheira saudável, entre no blog da Pat Feldman "Crianças na Cozinha".

6. Duas (ou mais) lixeiras em TODOS os ambientes. Uma para o lixo útil, outra para o lixo comum e, nos locais onde as crianças e profissionais se alimentam, uma terceira para as sobras de alimentos que irão para a compostagem.

Observe que, em várias escolas, a reciclagem faz parte da grade curricular, mas na prática ela não funciona. As lixeiras de reciclagem são normalmente colocadas em apenas um ou dois pontos do páteo, mas ninguém pode esperar que uma criança (ou adulto) atravesse toda a escola, com uma embalagem vazia de suco na mão, em busca da lixeira correta. Descartar o lixo útil deve ser tão fácil como descartar o lixo comum. Quando as lixeiras estão posicionadas e sinalizadas em todos os ambientes, a seleção é feita automaticamente. Depois é só recolher e encaminhar para os programas de reciclagem locais, cooperativas de catadores ou para a compostagem. Esta é uma forma muito simples e imediata de reduzir significamente a quantidade de lixo produzida.

7. Reutilização do material escolar. Muito material que sobra ainda pode ser reutilizado. Lápis de cor, estojos, borrachas, marcadores de texto, pastas, fichários, apontadores, réguas, mochilas e lancheiras muitas vezes voltam em boas condições, bastando uma limpeza. Outra coisa que tenho reaproveitado são os cadernos que voltam com menos da metade das páginas preenchidas. Arranco as usadas, crio com meus filhos uma nova capa com imagens recortadas de revistas ou da internet e ele retorna novinho pra mais um ano de uso.

8. Olho vivo na cantina. As cantinas não devem ser apenas saudáveis, evitando comida porcaria, frituras e refris. Deve-se também buscar a redução de embalagens descartáveis, oferecendo frutas, sucos feitos na hora servidos em copos retornáveis, lanches caseiros, fatias de bolos, tortas, tapiocas fresquinhas etc. Quanto menos alimentos industrializados, melhor para a saúde das crianças e do planeta. E é claro, tem que ter três lixeiras bem pertinho, para as crianças descartarem o lixo reciclável, os restos de alimentos e o lixo comum.

9. Reutilização de livros. Antes de sair comprando qualquer livro, tente consegui-lo usado. Uma boa maneira é consultar os pais dos alunos que fizeram a mesma série no ano anterior e a escola pode facilitar este contato. Outra forma é procurar em sebos. O site Estante Virtual reune mais de mil sebos por todo o país. O processo de compra é simples e os preços muito mais baratos que nas livrarias. Sempre vale uma consulta.

10. Banir os descartáveis do dia-a-dia. Copos, xícaras reutilizáveis e squeezes (eta palavra metida para garrafinha) são funcionais e evitam uma montanha de lixo. Podem ser lavados na escola ou devolvidos diariamente na mochila. O bom e velho bebedouro também funciona, mesmo para quem esqueceu o copo. Nas festinhas escolares, os pais devem ser estimulados (leia-se educados) a enviar utensílios retornáveis. Ou a própria escola pode disponibilizar tais objetos, bastando os pais enviarem os alimentos e bebidas (de preferência, sucos que serão servidos em jarras).

11. Uso inteligente de papel . Incentivar a comunicação e a cobranca eletrônica. Imprimir relatórios, contratos e apostilas utilizando a frente e o verso das folhas. Usar papel reciclado sempre que possível. Educar as crianças para preencherem toda a folha, frente e verso, antes de iniciar uma página nova.

No site da Sus School, há uma página interativa divertida e com dicas maravilhosas para uma escola sustentável. O texto está em inglês.

Mande sua dica e ajude a ampliar esta lista. E que este retorno às aulas seja um período de muito aprendizado. Para os alunos, pais e educadores.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A Historia das Coisas (Dublado) 1/2 e 2/2






Você já se perguntou de onde vêm e para onde vão as coisas que consumimos? Até quando vai existir matéria-prima?

O documentário A História das Coisas esclarece bem a situação

OFICINA NA NATUREZA


POR BETO SAMÚ
Se apropriar do espaço da natureza para a educação, embaixo de uma mangueira, coqueiro, sentados à grama, ou, como diz Thoreau, em cima de uma abóbora... quer espaço educativo melhor? Qtas conexões podemos fazer, o tempo todo? Um vôo de borboleta, uma fila de formigas, um riacho q corre para um lago, as nuvens passando no céu, a música da natureza, a energia do sol, a chuva que dá vida, as vozes dos animais, contar árvores da mesma espécie, achar galhos espalhados pelo chão com o mesmo formato... tá aí, acho q mencionei todas as disciplinas de uma escola convencional... qual é das duas a mais motivadora?
... nessa escola não precisa de lousa e nem caderno pra anotar, é só prestar atenção ao momento e pensar, divagar, voar... e criar.

FONTE : http://vidanosbosques.blogspot.com/


"PIERRE LEVY" - CONFERÊNCIAS NO SESC - SÃO PAULO

(CLIQUE NO LINK DA FONTE , E BAIXE OS TEXTOS)

SESC - São Paulo > conferências > Pierre Levy

Pierre Levy
Educação e Cibercultura
Esse texto trata do problema básico da mudança de relação que estamos vivendo com os saberes. Aborda a velocidade de inovação tecnológica, as mudanças no mundo do trabalho e a proliferação de novos conhecimentos como fatores que questionam os modelos tradicionais de transmissão dos saberes.
íntegra do texto »


Pierre Levy
Inteligência Coletiva
Nessa entrevista, Pierre Lévy aborda o problema da propriedade intelectual, a proximidade entre filosofia ocidental e oriental, o problema do Napster e o conceito de Inteligência Coletiva.
íntegra do texto »


Pierre Levy
A emergência do ciberespaço e as mutações culturais
Esse texto trata da comunicação todos-todos que emerge com o ciberespaço, aborda a questão da plasticidade dos textos eletrônicos (hipertexto) e comenta o conceito de Inteligência Coletiva e a noção de democracia eletrônica.
íntegra do texto »


Pierre Levy
O universal sem totalidade, essência da cibercultura
Esse texto, mais filosófico, trata da complexidade do ciberespaço com sua profusão não totalizável de links e conteúdos. Analisa os meios de comunicação de massa sob a idéia de totalidade fechada e lança seu conceito de "Universal sem Totalidade" como ferramenta de leitura do ciberespaço.
íntegra do texto »


Pierre Levy
Vídeo da conferência - português
Os vídeos da conferência em português, em banda alta e banda baixa.


Pierre Levy
Vídeo da conferência - em francês
Os vídeos da conferência em francês, em banda alta e banda baixa.

FONTE : http://www.sescsp.org.br/sesc/conferencias_new/subindex.cfm?Referencia=168&ParamEnd=5

"CIBERNÉTICA E SOCIEDADE" - LIVRO DE NORBERT WIENER - década de 50

Esta home page dedica-se à discussão baseada no livro "cibernética e sociedade" de Norbert Wiener, sobre ciência, tecnologia,problemas sociais e política.

Com respeito ao livro base, foi redigido em 1950 e revisado em 1954. Seu autor, um renomado professor de matemática do Massachussets Institute of Technology, procurou estabelecer conexões entre o nascimento de uma nova tecnologia e a sociedade, relatando não somente o plano tecnológico como também extravasando para outros campos do conhecimento humano, tais como a Psicologia, a Filosofia, a Filologia, entre outros.
O livro reflete o espírito cientificista do autor que para cada assunto citado faz uma digressão à respeito.
Esta característica talvez não seja encontrada nos cidadãos da atual sociedade com frequência, o que pode ser justificado pelo fato de que o livro foi revisado à 45 anos atrás, assim a enorme expansão do conhecimento humano neste período, criou uma sociedade de pessoas especializadas em determinadas funções, dificultando o estudo de diversas áreas do conhecimento assim como a inter-relação entre estas. Além do mais, no decorrer destes anos ocorreram mudanças drásticas no comportamento social, visto que o aparecimento de uma grande diversidade de formas de entretenimento acabou por afastar a atenção das pessoa em relação aos livros e ao estudo. O cidadão moderno tornou-se extremamente objetivo e pouco indagativo com questões de caráter filosófico. Afinal a guerra fria acabou, e o capitalismo ficou, e com este permaneceu a busca pelo lucro, pela vida baseada no consumo e diversão sem nenhum medo de estar cometendo um pecado. As pessoas estão buscando informações rápidas e fáceis, que estejam de acordo com seus objetivos de vida.
Entretanto, apesar de ultrapassado em alguns poucos trechos, o livro coloca em discussão temas bastante atuais, além de temas que provocam muitas reflexões interessantes.

Muito se pode discutir a respeito dos assuntos abordados, e isto é que o será feito a seguir pelos componentes de nosso grupo:

Escolha um dos ítens abaixo e viaje conosco:

Fobia e Fluxo de Informação
Comunicação e Entropia
Entropia e globalização
Comunicação através da Internet
Um cibernético poderá ser considerado ser vivo?
Links

FONTE : http://www.ime.usp.br/~cesar/projects/lowtech/ep2/wiener/Principa.html

"BRONCA DE MÃE...!!!" - GENIAL TEXTO DE TAIS!!

Tais, como mãe,é um membro deste blog,fundamental! Ela conhece bem sua realidade e a realidade da escola de seu filho!(eu já tenho filho grandinho!rsrsrssss)
Mas todos sabemos que as mulheres sempre interagem mais nas comunidades onde vivem, do que os homens! e esta interação que Tais relata, nos trás fortes sinais de que talvez a mentalidade cada vez mais interativa da Web 2.0,esteja migrando para a nossa realidade! além é claro da forçosa interação originária de nossa crise!
Frase antiga dizia: "O SOFRIMENTO UNE" , coisa que a antiga classe média cheia de "farturas" não conhecia e só achava interessante exclamar como papagaios...referindo-se ao que a classe mais pobre já passava!(anos 70)
Esta Web 2.0, que propõe uma interação muito maior do que a antiga web,que chegou a nos surpreender com uma possível biblioteca universal e gigantesca, hoje nos surpreende pelas incríveis possibilidades de exposição e interação social!
As redes sociais e os "Seconds Lifes" chegam a nos fazer imaginar que o contato real entre as pessoas possa um dia desaparecer! O limite entre o homem e a máquina surge como algo a ser necessariamente repensado,filosofemos sobre ele!
Se nos lembrarmos do filme Blade Runner,ou 2001 Uma Odisséia no Espaço, ou Inteligência Artificial...poderemos iniciar um caminho de reflexão em busca de nosso lado humano! Onde reivindicar cooperação, participação, solidariedade de um diretor de escola poderá significar um grande salto em direção a uma escola exemplar para nossos filhos e netos! Alienação, na vida real ou virtual é o que menos se espera!
Um educador,ou pais blogueiros,pode significar algo hiper democrático e colaborativo!
O eco que Tais ou outros educadores,ou adolescentes,enfim, que tomam posse desta "nova" mídia,pode e muito cooperar com a interação, com o debate e a cooperação na vida real! Lógico!

Nadia Stabile - 04/02/09

Bronca de mãe para a volta às aulas.


A conversa mais comum entre as mães, este mês, é a volta às aulas. Tumulto nas papelarias, listas de materiais infindáveis, preços abusivos de livros e apostilas. Todo ano a mesma coisa. Com a diferença que, nos últimos anos, a consciência das pessoas aumentou. E a crise fez o "hellôô!" ecoar ainda mais alto.

Só falta as escolas escutarem. Uma mãe disse: "Se eu soubesse que a lista seria assim, não teria matriculado meu filho nesta escola". A lista de material está virando fator de escolha da escola. Não apenas pelo preço. Por uma questão também de sensação de respeito e parceria com os pais. As pessoas estão finalmente mais atentas ao consumo. Escutam por todos os lados apelos para consumirem com mais critério. Sentem que precisam se reeducar para viver com menos. E quando se trata de educação (ou reeducação), nada mais lógico do que esperar que as escolas sejam as primeiras a adotar uma postura consciente, solidária, educadora.

Para mim, a primeira mudança deveria ser nos livros didáticos. A maioria dos livros adotados pelas escolas particulares são feitos para serem descartados após um ano de uso. ABSURDO! Fora do Brasil existem os livros texto e os livros de exercício. Os livros textos, coloridos e bem elaborados, passam de aluno para aluno ao longo dos anos. Os livros de exercícios, impressos em preto e branco e bem mais baratos, são os únicos trocados anualmente. Faz todo sentido. Mas por aqui, eles são montados em um único volume, de forma a serem inutilizados após um ano de uso. Desperdiçando-se uma montanha de dinheiro e de papel. Livro reutilizável deveria ser lei para todas as escolas, públicas ou particulares.

Outra mãe reclama que a escola pediu 8 tubos de cola. Fala sério! Se é para usar tanta cola, porque a escola não compra logo tubões de 1kg, de uso coletivo e muito mais baratos. Ó o "Hellô" não sendo escutado. A outra reclama que a apostila produzida pela própria escola só imprime as folhas na frente. "Hellôô again!" Hoje em dia qualquer copiadora que se preze imprime frente e verso. O custo de papel cai pela metade e também o desperdício.

E por aí vai. De tubinho de guache em tubinho de cola, o que se espera é parceria e respeito. Ninguém quer que falte material. Queremos é sentir que estão respeitando nosso bolso e o momento que o planeta vive. Escola tem que dar exemplo. E nada mais exemplar do que uma lista bem calculada, apenas com o necessário e até mesmo com um acordo entre pais e escola de reposição dos materiais que forem acabando ao longo do ano. Assim nada estraga, nada se perde. É uma postura mais razoável e consciente.

Em tempo, não ouvi só críticas. Algumas mães elogiaram escolas que simplificaram suas listas, optaram por comprar materiais coletivos, reduziram ou mudaram os livros didáticos, trabalham com sucata, doações de livros de literatura e rodas de leitura onde cada aluno compra apenas um livro e é feito um rodízio. Nenhuma delas comentou que a qualidade do ensino caiu. Muito pelo contrário. Elogiam a sensibilidade das escolas e a rica experiência proporcionada aos alunos em compartilhar materiais.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

ESTE BLOG E PROCESSOS!!!

O pouco tempo que estou participando de um blog coletivo, o "SARAU PARA TODOS", deu-me a clareza de que o processo blogueiro pode ser bem interessante para iniciar atitudes democráticas!
A educação democrática,ou libertária, mostrou-me que a saída para começarmos a nos respeitar, a cultivar a tolerância e a respeitar enfim os processos alheios, passa pela convivência rotineira , ainda que de forma virtual, como é o caso da blogosfera!

As pessoas (blogueiros de um blog coletivo,no caso) vão se colocando sem moderação de ninguém e/ou de todos!!! Se a coisa for boa, ou se for ruim!! A polêmica se cria, ou não se cria! (podendo haver assembléias para se decidir linhas de ação)
Mas se assembléias não ocorrerem,ainda assim... ocorrerá algo curioso,que é o seguinte,as respostas virão de um jeito ou de outro nas futuras postagens dos membros do blog! E é aí é que a coisa começa a funcionar!!!
Um diz uma coisa, vem o outro e completa ,ou rebate!! E assim a coisa vai caminhando!! A conversa sempre acontece!! Direta ou indiretamente!!

A tal da autonomia intelectual tão almejada!! tão esperada, para que a educação a distância pudesse funcionar de verdade,para requalificação de professores e profissionais em geral, pode muito bem começar a ser desenvolvida na blogosfera!!
Se muitos hoje,partissem para ter um blog,coletivo ou não, e valorizassem muito mais seus interesses, suas curiosidades intelectuais, quem sabe num futuro próximo
esta autonomia intelectual, que tem tudo a ver com a mentalidade de pesquisador autodidata,chegaria a um bom patamar!

Nadia Stabile - 03/02/09

domingo, 1 de fevereiro de 2009

"ÍNDICE DESTE BLOG DO MÊS DE JANEIRO 2009" (clique nos links e leia)

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